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40 anos Mangueirão

Atualizado: 8 de nov. de 2019



O Estádio Olímpico do Pará Edgar Proença, popularmente chamado de Mangueirão, possui uma história significativa e simbólica para o Estado. A construção do estádio iniciou na década de 60, período conturbado no Brasil que vivenciava a Ditadura Militar. E juntamente com o crescimento do futebol no país, que já se tornara um fenômeno social com o surgimento dos primeiros clubes.

Eclodiu, então, a necessidade de se construir praças esportivas que abrigassem os eventos futebolísticos. A ideia era edificar não somente estádios de médio e pequeno porte, mas sim estádios grandiosos que fossem um marco de gestão e um legado para o esporte local. Nesse contexto, surge a ação do então Governador do Estado do Pará da época, Alacid da Silva Nunes, que retira do papel um sonho dos paraenses de possuir um estádio público.

No ano de 1973, o Mangueirão começa a ser edificado, e no dia 03 de março de 1978 é realizado o jogo inaugural do estádio, entre Clube do Remo (PA) e Operário (MT). Foi uma partida válida pelo Campeonato Brasileiro daquele ano, que possuía um formato e regulamento diferente do atual. Mas há controvérsias sobre este embate ter sido o primeiro jogo no estádio, haja vista que a partida da Seleção Paraense contra a Seleção do Uruguai seja considerada a partida oficial de inauguração, com o placar de 4x0 em favor do time dos paraenses.

No ano de 1978, o Estádio foi inaugurado com o nome de “Estádio Estadual Alacid Nunes”, que visou homenagear o governador que deu início a construção. Entretanto, o nome dado pelo então cronista esportivo Moacir Calandrini tornou-se mais popular, pois foi ele quem batizou o estádio de Mangueirão. Tal jornalista fez alusão ao título simbólico da cidade de Belém, a Cidade das Mangueiras.

Ressalta-se que a construção do Mangueirão ocorreu na época dos anos dourados da economia brasileira e do desempenho do Brasil na Copa do Mundo de 1970. Todavia, o Mangueirão ficou inacabado por muitos anos. Por isso, ganhou o apelido de “Bandola”, por ter apenas um lado da arquibancada, que era coberta e pintada com motivo marajoara.

Portanto, o Estádio Olímpico do Pará Edgar Proença (EOP) foi inaugurado pela primeira vez em 03 de Março de 1978 e reinaugurado em 01 de maio de 2002. Está erguido em uma área física de 524.375 metros quadrados à margem da rodovia Augusto Montenegro, em Belém, capital do Estado do Pará, no bairro que passou a ser chamado de Mangueirão pela influência do estádio.


Confira, a seguir, o cronograma da história do Estádio Olímpico do Pará Edgar Proença:


* 1969: tem o projeto elaborado pelo arquiteto e engenheiro paraense Alcyr Meira;


* 17 de julho de 1970: é autorizada, pelo Ministério da Marinha, a construção do estádio no bairro da Marambaia;


* 15 de outubro de 1970: propaganda política evidenciando a necessidade de construção do Mangueirão, conforme registrado na Fotografia 1;


Foto 1 – Candidatura a vereador

Fonte: A Província do Pará: 15/10/1970, 2º caderno, p. 7 apud MONTEIRO, Sidnei Soares (2009).

* 1973: Início das obras de construção do estádio;


* 1976/1977: Construção de arquibancadas localizadas no lado oeste (Fotografia 2);

Fotografia 2 – Construção da arquibancada no lado oeste

Fonte: A Província, edição de 22/03/1977, 2 caderno, p.12.

* 20 de fevereiro de 1978: Inauguração extraoficial

Ainda com o nome de Alacid Nunes, por meio da realização do jogo do Clube do Remo (PA) X Operário (MT), pelo Campeonato Nacional. O Remo foi o ganhador da partida, com um placar de 2 a 0.

O primeiro gol da história do estádio foi marcado por Mesquita, jogador do Clube do Remo, engenheiro agrônomo e que, atualmente, é o responsável pela manutenção e cuidados do gramado do Mangueirão. O ex-jogador tem um carinho especial pelo Estádio. Ele relata que “Sempre me lembro desse dia, porque foi especial para todos nós. Coincidentemente, hoje trabalho aqui no estádio e desempenho as minhas funções da mesma maneira que fazia dentro das quatro linhas, sempre com respeito e força de vontade”.


Fotografia 03 – Mangueirão por ocasião da primeira inauguração, vista do alto.

Fonte: Arquivos SEEL

Foto 04 – Mangueirão por ocasião da primeira inauguração, vista do solo.

Fonte: Arquivos SEEL

* 25 de fevereiro de 1978: cerimônia oficial de inauguração do estádio;

Entretanto, apesar de inaugurado, o Mangueirão não possuía a estrutura completa, conforme constava em sua maquete, pois a sua inauguração foi considerada emergencial, devido a um imprevisto que ocorreu em relação ao jogo Remo X Operário. Esse jogo teve início no Estádio Evandro Almeida, o “Baenão”, porém, o alambrado caiu e a partida precisou ser transferida para outro estádio. Desse modo, o término da partida ocorreu no Mangueirão, apesar deste ainda estar incompleto. E, por causa de sua estrutura incompleta, o estádio foi chamado popularmente de “Bandola”, apelido que perdurou até o ano de dois mil e dois. As Fotografias 03 e 04 apresentam registros do Mangueirão por essa ocasião.

* 04 de março 1978: data escolhida para inauguração

Nessa data foi realizada a primeira partida internacional de futebol. Foi quando a Seleção Paraense goleou a Seleção do Uruguai, por 4 X 0, em um jogo amistoso. Destaca-se que a Seleção Paraense foi constituída por jogadores dos Clubes do Remo, Tuna e Paysandu.


* 29 de abril de 1979: Realização da partida Paysandu 1 x 1 Remo, com 64.010 torcedores;


* 8 de novembro de 1990: O primeiro jogo da Seleção Brasileira de Futebol realizado em Belém;


* 20 de setembro de 1998: Paysandu 2 x 0 Fluminense, com a presença de 60 mil pessoas;


* 11 de julho de 1999: Paysandu 0 x 1 Remo, com 65 mil pessoas;


* 2000: tem início da reforma no Mangueirão;

A partir do ano 2000, o Mangueirão passou por uma reforma profunda, sendo que o projeto desta reforma foi assinado pelo engenheiro e arquiteto paraense Alcyr Meira, tal como aconteceu com o projeto original. O governador do Pará na época desta reforma era Almir Gabriel. Nesta primeira reforma, foi acrescentada uma pista de atletismo.


* 05 de novembro de 2000: Remo 1 x 2 Paraná Clube, reunindo 56 mil expectadores;


* 2001: Mangueirão adquire seu formato atual

No ano de 2001, continuam as transformações no Estádio: é fechado o anel das arquibancadas; é retirada a Arquibancada Popular chamada de Geral; e ocorre a inserção de uma pista olímpica, o que tornou o estádio estadual em uma praça olímpica. Isso pode ser observado na Fotografia 05.


Fotografia 05 – Vista aérea do Estádio Olímpico do Pará Edgar Proença

Fonte: Internet (2018)

* 2002: Reinauguração com o nome de Estádio Olímpico do Pará Edgar Proença

Em 01 de maio de 2002, o Mangueirão foi reinaugurado. Desta vez, como Estádio Olímpico do Pará Jornalista “Edgar Proença”, em homenagem a um dos maiores locutores e cronistas esportivos do estado do Pará. Edgar Proença era jornalista desportivo e fora o fundador da PRC5, a Rádio Clube do Pará, tendo sido também o primeiro jornalista a fazer a narração de uma partida de futebol no norte do Brasil.


*15 de maio de 2003: Realização da partida de futebol entre Paysandu 2 x 4 Boca Juniores, com 57.930 torcedores;


* 2005: Realização do Grande Prêmio Brasil de Atletismo, com recorde de público na América Latina, com mais de 35 mil espectadores para essa categoria esportiva;


* 2006: Mangueirão em selo postal

Vale lembrar que o EOP foi tema de selo postal pela primeira vez em 2006, por ocasião do quarto aniversário de reinauguração da obra. E foi fruto de uma parceria entre a Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (SEEL) e os Correios, que lançou um selo e um carimbo postal de caráter regional, alusivos à data.


* 2007: Selo postal pela segunda vez

Em 2007, pela segunda vez, o Mangueirão foi tema do selo postal de circulação nacional. O lançamento ocorreu dia 25 de março daquele ano, data do primeiro clássico entre Remo e Paysandu, válido pelo segundo turno do Campeonato Paraense daquele ano. Tal selo faz parte de uma coleção especial do Departamento de Produtos e Filatelia dos Correios denominada 'Estádios de Futebol'. Além do Mangueirão, foram incluídos os estádios Serra Dourada, Maracanã e Pacaembu.


* 2011: Superclássico das Américas, a Seleção Brasileira venceu a Seleção Argentina pelo placar de 2 a 0, no Estádio do Mangueirão lotado, conforme pode ser observado na Fotografia 06.


Fotografia 06 – Superclássico das Américas em 2011

Foto: Bruno Carachesti (2011).

* 2011: A população paraense é notícia internacionalmente ao cantar o Hino Nacional Brasileiro a capela, por ocasião do Superclássico das Américas (Seleção Brasileira X Seleção Argentina);


* 2016: REXPA é considerado Patrimônio Imaterial do Pará

O Mangueirão também abriga o que é considerado o maior clássico de futebol do norte do Brasil, o tradicional REXPA. Um embate do futebol disputado entre Clube do Remo e Paysandu Sport Club, que possuem as maiores torcidas do estado e são fonte desta enorme paixão pelo futebol no estado do Pará. O REXPA é também o clássico mais disputado do mundo, com a realização de setecentas e quarenta e três (743) partidas, e que no ano de 2016 foi considerado Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Pará pela Lei Estadual nº 8.358, de 02 de maio de 2016, o que faz do EOP palco dos grandes eventos do povo paraense.

É importante destacar, que de sua conclusão em 2002 até o primeiro semestre de 2018, totaliza o quantitativo de cinquenta (50) jogos entre os centenários rivais, consolidando o EOP como a casa do principal clássico de futebol da Amazônia. A ocorrência do REXPA no EOP expressa também as práticas culturais da cidade de Belém (PA), no que tange ao esporte e a sua identidade. De tal modo que essa vivência, unida aos costumes locais e a devoção característica do povo paraense, impulsionou o reconhecimento desse clássico como patrimônio cultural imaterial do Estado do Pará.

Por meio de mecanismos jurídicos de patrimonialização, constata-se a relevância deste embate para a população, bem como do Mangueirão como o palco dessa disputa que já faz parte da cultura paraense, pois o reconhecimento da paixão e da herança familiar que os clubes de futebol, especialmente em clássicos como o REXPA, são capazes de fomentar nos torcedores, tornando-o um patrimônio (TOBAR, 2017).


* 02 de maio de 2016: abertura do Centro de Visitação Estádio Olímpico do Pará Edgar Proença

A Universidade Federal do Pará (UFPA), por meio da Faculdade de Turismo (FACTUR), implementa um projeto para visitação pública ao Estádio. O público de diversos locais do Brasil e do mundo tem colaborado diretamente para o sucesso do Centro de Visitação Estádio Olímpico do Pará. Nos últimos dois anos, mais de duas mil pessoas visitaram o Mangueirão;


* Agosto de 2017: implementação do Projeto Turístico e Pedagógico com a Inserção do PROPAZ no Centro de Visitação Estádio Olímpico do Pará (Projeto TURIPROPAZ);


* Agosto de 2017: implementação do Projeto Blog Mangueirão da Memória: Resgate digital e patrimonial do Estádio Olímpico do Pará Edgar Proença.

Por fim, convém enfatizar que o Estádio Olímpico do Pará Edgar Proença é um símbolo da arquitetura e engenharia modernas. Atualmente, possui selo Três Bolas, o equivalente a três estrelas, avaliado pelo Ministério do Esporte por meio do Sistema de Classificação dos Estádios Brasileiros (SISBRACE). E está sendo palco de jogos dos Campeonatos Paraense, Brasileiros da Série B e C e da Copa Verde.


Fontes consultadas:

SILVA,Canan Barra da ; LEAL NETO, José Dias; MENDES, Delson Eduardo da Silva. Mangueirão: Uma construção de influências. Disponível em: <https://bibc3.files.wordpress.com/2016/03/silva-canan-barra-da-leal-neto-josc3a9-dias-mangueirc3a3o-uma-construc3a7c3a3o-de-influc3aancias-2016.pdf>. Acesso em: 20 mar 2018.

Federação de futebol do estado de Rondônia. Estádio Olímpico teve público recorde em 2005. Disponível em: <http://www.futeboldonorte.com/noticias_materia.php?id=10752>. Acesso em: 23 mar 2018.

Globo Esporte. Estádio Olímpico Mangueirão completa 35 anos de inauguração. Disponível em: <http://globoesporte.globo.com/pa/noticia/2013/03/estadio-olimpico-mangueirao-completa-35-anos-de-inauguracao.html>. Acesso em: 03 mar 2018.

MONTEIRO, Sinei Soares. Futebol, Ditadura e Trabalho: uma análise das relações políticas e sociais no campo desportivo paraense (1964 – 1978). Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Pará, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de PósGraduação em História Social da Amazônia, Belém, 2009.

PARÁ. Secretaria de Estado de Comunicação. Essa gente que deu luz ao inesquecível Mangueirinho. Disponível em: <http://www.secom.pa.gov.br/retrospectiva2015/noticias/essa-gente-que-deu-luz-ao-inesquecivel-mangueirinho/>. Acesso em: 14 fev 2018.

PARÁ. Secretaria de Esporte e Lazer. Mangueirão comemora seu 37º aniversário entre os grandes estádios do país. Disponível em: <http://www.seel.pa.gov.br/noticia/mangueir%C3%A3o-comemora-seu-37%C2%BA-anivers%C3%A1rio-entre-os-grandes-est%C3%A1dios-do-pa%C3%ADs>. Acesso em: 10 mar 2018.

NASCIMENTO, Vânia Lúcia Quadros; NUNES, Jonathan Rodrigues. Relatório Final Projeto de Extensão Centros de Visitação em Espaços de Interesse Turístico –Estádio Olímpico do Pará Edgar Proença 2017. Belém: UFPA, 2018.

TOBAR, Felipe Bertazzo. O futebol brasileiro no “jogo” da patrimonialização cultural: uma análise interdisciplinar sobre as relações de poder. 2017. Dissertação (Mestrado em Patrimônio Cultural e Sociedade) – Universidade da Região de Joinville.

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