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REXPA: PATRIMÔNIO HISTÓRICO IMATERIAL DE BELÉM-PA

Foto do escritor: mangueiraodamemoriamangueiraodamemoria

Atualizado: 5 de nov. de 2020

1. A HISTÓRIA DO CLUBE DO REMO

1.1 Contexto histórico – Origem do Clube


Fundado no dia 05 de fevereiro de 1905 dentro da categoria regata, o Clube do Remo foi constituído a partir de um desentendimento entre os integrantes do Sport Club Pará, ocasionando na saída de 07 remadores (Victor Engelhard, Raul Engelhard, José Henrique Danin, Eduardo Cruz, Vasco Abreu, Eugênio Soares e Narciso Borges). Após o ocorrido, receberam apoio de outros desportistas, originando uma nova agremiação denominada inicialmente como Grupo do Remo, tendo Narciso Borges como seu primeiro presidente. Houve uma série de complicações após a sua fundação, dentre elas duas merecem destaque em destaque.

Uma delas ocorreu no dia 16 de novembro de 1905, data da primeira competição oficial de regatas organizada pelo Sport Club do Pará, quando foram estabelecidas regras. A partir delas, o Grupo do Remo foi impedido de participar da competição. Tal ato gerou um protesto da agremiação injustiçada, contando com o transporte de um letreiro na Baía do Guajará com os dizeres: “Excluído do campeonato”.

A segunda complicação que merece destaque gerou mais impacto e deu-se no ano de 1908, referente à primeira grande crise financeira do Grupo do Remo. A qual resultou no vencimento do contrato de aluguel da sede por falta de recursos e na extinção do grupo decretada pelo desembargador Alfredo Barradas. No entanto, nem todos os integrantes se deram por vencido e essa insistência fez com que, no ano de 1910 – data em que o aluguel da antiga sede ficara disponível – os membros que permaneceram na associação alugassem novamente o espaço, para iniciar a reorganização do Grupo do Remo no dia 15 de agosto de 1911.

Logo, no dia 16 de novembro do mesmo ano, o grupo trouxe a conquista do título de campeão de remo do Pará, carregando consigo uma linda história de insistência e superação.

1.2 A entrada do futebol

O Grupo do Remo antes focado somente em esportes náuticos, instituiu o futebol e formou a sua primeira equipe em 1913 (Fotografia 1). Tornando-se ainda no mesmo ano, campeão invicto do Campeonato Paraense.


Fotografia 1 – Primeira equipe oficial de futebol do Clube do Remo.

Fonte: Costa (2018).

1.3 Mudança de nome

A mudança de denominação de Grupo do Remo para Clube do Remo ocorreu em março de 1914. Assim sendo, finalmente aceita, a proposta de mudança de nome feita por Oscar Saltão em 1911.


1.4 A inauguração do Estádio

No dia 15 de agosto de 1917, por ocasião do 6° aniversário de reorganização do clube, foi inaugurado o Estádio de Futebol do Clube do Remo (posteriormente chamado de Estádio Evandro Almeida – O Baenão). O jogo inaugural ocorreu entre integrantes da Reserva Naval x Seleção Paraense. Esta foi composta por atletas do Paysandu, Brasil Esporte, Panter e União Esportiva.


1.5 Criação do Hino do Clube do Remo

Adaptado com base na Canção dos Cadetes Azulinos, apresentada no carnaval de 1933 como marchinha composta por Emílio Albim, o Hino dos Azulinos foi intitulado dessa maneira depois das modificações feitas pelo poeta Antonio Tavernard. O que cativou os torcedores e transformou a canção em Hino do Clube do Remo, tornando-o público oficialmente no ano de 1941.


Letra: Antônio Tavernard Música: Emílio Albim

Atletas azulinos somos nós, E cumpriremos o nosso dever, Se um dia quando unidos para a luta, O pavilhão sabemos defender.

Enquanto a azul bandeira tremuleja, O vento a beija, como a sonhar,

Horando essa bandeira que paneja, Nós todos saberemos com amor lutar.

E NÓS ATLETAS TEMOS VIGOR, A NOSSA TURMA É TODA DE VALOR (BIS).


Nós todos no vigor da mocidade, Vamos gozando nessa quadra jovial, E nós azulinos da cidade, Rendemos viva ao nosso ideal.

Em cada um de nós mora a esperança, Nossa pujança, nosso ideal, E como somos do CLUBE DO REMO

Numa só voz diremos que não tem igual

E NÓS ATLETAS TEMOS VIGOR, A NOSSA TURMA É TODA DE VALOR (BIS).


1.6 Inauguração da sede do Remo

Em agosto de 1954, teve início a construção da sede social do Clube do Remo, localizada na Av. Nazaré. Em julho de 1958, a sede social estava pronta para ser entregue (Fotografia 2).


Fotografia 2 – Sede social do Clube do Remo.

Fonte: Costa (2018).

1.7 Curiosidades


Conquistas no Mangueirão

No ano de 1978, a cidade de Belém recebeu o que hoje é considerado patrimônio cultural paraense, o Estádio Olímpico do Pará Edgar Proença (anteriormente chamado de Estádio Estadual Alacid Nunes), apelidado carinhosamente como Mangueirão. O primeiro gol feito dentro do Mangueirão foi marcado pelo jogador Mesquita, do Clube do Remo, durante a partida oficial de inauguração do Estádio entre Seleção Paraense (4) x (0) Uruguai. O Remo também foi o primeiro a comemorar um título invicto do Parazão no Estádio. A vitória mais recente conquistada pelo Leão Azul foi o título de bicampeão paraense das temporadas 2018/2019 (Fotografia 3).


Fotografia 3 – Capa do jornal Diário do Pará.

Fonte: Diário do Pará, 2019

Tabu de 33:

O Leão Azul será eternamente lembrado por esse marco histórico. Dentre os anos de 1993 a 1997, o Clube azulino se manteve invicto no grande clássico Re x Pa somando 33 partidas contra o maior rival em Campeonato Estadual, Torneio Pará – Ceará, Amistosos e no Seletivo da Copa Norte.


Segue os dados dos jogos:

· Vitórias do Remo – 21

· Empates – 12

· Gols do Remo – 49

· Gols do Paysandu – 20


Surgimento do Mascote

O Leão Malino é o mascote oficial do clube (Fotografia 4). A sua origem remete a 1944, quando o Remo enfrentou e venceu a equipe do São Cristóvão-RJ, terceiro colocado no Campeonato Carioca de 1943, por 1 a 0, no dia 30 de janeiro. O adversário azulino realizava uma excursão pelo Norte e Nordeste do Brasil e ainda não havia perdido em solo paraense, fato que valorizou ainda mais o triunfo remista. No dia seguinte, o saudoso jornalista Edgar Proença reportou-se à partida da seguinte maneira no jornal O Estado do Pará: “Como um verdadeiro Leão Azul de garras aduncas, o Clube do Remo foi a própria alma da cidade”.


Fotografia 4 – O Leão Malino, Mascote oficial do Clube do Remo.












Fonte: Site Oficial do Clube do Remo

Origem da denominação “Filho da Glória e do Triunfo”:

O clube paraense é conhecido dessa maneira pelos torcedores após a publicação de uma obra de Antonio Tavernard na Folha do Norte, datado de 15 de agosto de 1931, que continha informações da história do clube. Segue um trecho da obra:

“[...]E, finalizando, uníssonos, todos os azuis, mas todos – da pátria fundadora do velho Andrade á pericia do caçulo do Luzio; da benemerência incansável do Frazão à minha contustiada desvalia – reputamos saudação sagrada: - Ave, Clube do Remo, filho da glória e do triunfo!”


Pelé veste a camisa:

Outro acontecimento marcante para os azulinos ocorreu na década de 1960, época em que o rei Pelé jogava no Santos Futebol Clube. Antes da partida entre Clube do Remo (4) x (9) Santos, o clube de Belém-PA homenageou o rei com um buquê de flores e o mesmo retribuiu o ato entrando no Estádio com a camisa do Leão (Fotografia 5).

Fotografia 5 – Pelé correndo em volta ao campo com um buquê em mãos.












Fonte: Costa (2018).


1.8 Escudo atual (Fotografia 6).













Fonte: Site Oficial do Clube do Remo.


1.9 Bandeira oficial (Fotografia 7).









Fonte: Site Oficial do Clube do Remo


2. HISTÓRIA DO PAYSANDU SPORT CLUB

2.1 Contexto histórico – Origem


O nome que representa certamente a origem do clube é o de Hugo Manoel de Abreu Leão, ex-integrante do Norte Clube, – conhecido popularmente na época por “Time Negra” – que teve como motivação a experiência vivida, em 1913, durante o Campeonato Paraense. No dia 15 de novembro do mesmo ano, houve a partida entre Norte Clube 1 x 1 Guarany e o resultado beneficiou o Grupo do Remo (posteriormente Clube do Remo) que, devido a sua boa campanha, esperava apenas essa partida para poder decidir o seu destino no campeonato. Com o empate foram consagrados campeões, deixando o sentimento de injustiça aos atletas do Time Negra, que denunciavam irregularidades durante a realização da partida contra o Guarany.

A partir desse episódio, Hugo Leão construiu uma proposta de desenvolvimento de uma nova agremiação, marcando a história com uma frase dita do terraço do Grande Hotel, que dizia: “vou fundar um clube para superar o Grupo do Remo”. Segunda-feira, dia 02 de fevereiro de 1914, foi divulgada pelo Jornal Estado do Pará (Fotografia 1), e realizada a assembleia para aprovação da nova agremiação de futebol do Pará. Nesta, foi acolhida a ideia de Hugo Leão para fundação do Paysandu Football Club (posteriormente chamado de Paysandu Sport Club), tendo sido Deodoro de Mendonça nomeado para o cargo de presidente.


Fotografia 1 – Convite para assembleia no Jornal Estado do Pará, coluna Chronica Sportiva.











Fonte: Jornal Estado do Pará.

2.2 Significado do nome

O nome faz referência ao movimento da Tomada de Paysandu, na cidade do Uruguai, que aconteceu no dia 2 de Janeiro de 1865, representando os constantes conflitos entre identidades partidárias dentro das tropas comandadas pelo General Mena Barreto e pelo Almirante Tamandaré.


2.3 Inauguração da Sede

A inauguração da nova sede social do clube (Fotografia 2), denominada de palacete alvi-azul, localizada na Av. Nazaré, foi datada no ano de 1970. A personalidade que marcou a construção do prédio foi Nabor Silva, torcedor conceituado do time bicolor.


Fotografia 2 – Sede social do Paysandu e fotografia de Nabor Silva.

Fonte: Costa (2018).


2.4 Construção do Estádio

Localizado atualmente na Av. Almirante Barroso, foi inaugurado no dia 14 de junho de 1914 com o nome de Leônidas Sodré de Castro (apelidado de Curuzu), personalidade muito importante para patrocínio e apoio ao Papão, que ocupou a presidência do clube por um ano, posteriormente participando de outras diretorias.

O jogo inaugural foi contra o Clube do Remo (2) x (1) (Fotografia 3). O Paysandu não saiu vitorioso, por conta de um gol de pênalti marcado no final do jogo pela equipe adversária.


Fotografia 3 – Manchete do Jornal Estado do Pará, coluna Chronica Sportiva, sobre o primeiro jogo na Curuzu.








Fonte: Jornal do Estado do Pará – Crônica Esportiva.

2.5 Criação do hino do Paysandu

O Hino do clube foi instituído no ano de 1920, composto por José Simões.


Letra: José Simões

Música: Manuel Luis de Paiva


De vitórias e louros coroado, Altivo, o Paysandu jamais temeu... Tem um belo, honradíssimo passado, São nobres as batalhas que venceu; BIS

Cada um de nós guarda no peito, Valor e orgulho extraordinários; Das nossas cores têm respeito Os mais pujantes adversários.


"Lutar"! eis a divisa que trazemos! "Vencer"! eis a esperança que nos guia!


Leais e destemidos seguiremos A glória que o futuro nos confia! BIS


Cada um de nós guarda no peito... Somos jovens e ousados paladinos, E sempre achar-nos-hão de gladio nú, Elevando nos prélios mais ferinos


Com honra o pavilhão do Paysandu BIS Cada um de nós guarda no peito... Amamos os combates! e na luta, Como antigos heróis nos comportamos, Por isso a voz do público se escuta,


Saudar o Paysandu com meus aclamos BIS Cada um de nós guarda no peito...


2.6 Grandes conquistas


Libertadores: 2003 foi um ano memorável para o torcedor bicolor, marcado pela participação do clube na Copa Toyota Libertadores. O Papão derrotou o Boca Juniors em Buenos Aires (Fotografia 4) e realizou uma bela campanha na competição.

Fotografia 4 – Jogadores de Paysandu e Buenos Aires.








Fonte: Site Oficial do Paysandu Sport Club.

Parazão e Copa Verde: O time conquistou seu 46° título do Campeonato Paraense no ano de 2016. E consagrou-se bicampeão da Copa Verde nos anos de 2016 e 2018 (Fotografia 5).


Fotografia 5 – Comemoração do Paysandu pelo título conquistado em 2016.









Fonte: Site Oficial do Paysandu Sport Club.

Foto: Fernando Torres.

2.7 Curiosidades

Recorde de público pagante:

O Paysandu Sport Club alcançou mais um feito histórico durante a partida contra o Boca Juniors no dia 15 de maio de 2003. O time alviceleste conquistou a segundo maior público do futebol paraense no Estádio Olímpico do Pará Edgar Proença – Mangueirão, com o número de 57.330 pessoas, terminando a partida vitorioso.


Tabu de 7x0

Em 1945, o Paysandu alcançou o placar recorde da temporada, goleando o Clube do Remo por 7x0 no maior clássico paraense no dia 22 de julho de 1945. No mesmo ano, o clube conquistou o Tetracampeonato Paraense com 6 vitórias e 1 derrota.


Origem do Mascote: (Fotografia 6)

O Paysandu é conhecido pela expressão “Papão da Curuzu”, criada no ano de 1948 pelo jornalista Everardo Guilhon, escritor do jornal A Vanguarda. Em uma de suas crônicas, Guilhon explicou que quando era criança, sua mãe, ao colocá-lo na cama amedrontava-o dizendo: “dorme logo, pois lá vem o bicho-papão!”.

O jornalista associou esse fato à grande equipe que o Paysandu possuía na época, que amedrontava seus adversários, escrevendo a seguinte manchete: “Hoje treina o bicho-papão”. Não demorou muito para o apelido se familiarizar entre os torcedores. A inspiração do jornalista baseou-se no temor que o esquadrão de aço, como era conhecido o time do Paysandu naquela época, passava aos seus adversários no campo de jogo. No decorrer do tempo, ficou conhecido como o famoso “Papão da Curuzu”, o maior papão de títulos de futebol do Norte do País.

O mascote do Paysandu é representado por um lobo, chamado “Bicho Papão”, vestindo o uniforme oficial do clube, segurando uma bola de futebol na mão esquerda e fazendo um sinal de “beleza”/positivo na mão direita.

Fotografia 6 – Mascote do clube.











Fonte: Site Oficial do Paysandu Sport Club.

Escudo atual (Fotografia 7).













Fonte: Site Oficial do Paysandu Sport Club.

Bandeira (Fotografia 8).








Fonte: Site Oficial do Paysandu Sport Club.


Texto: Denize Leal


REFERÊNCIAS

COSTA, Ferreira da. Enciclopédia do esporte paraense. 2018.

CLUBE DO REMO. Disponível em: http://www.clubedoremo.com.br/historia.php. Acesso em: 18 jul. 2019.

PAYSANDU SPORT CLUB. Disponível em http://www.paysandu.com.br/paysandu/. Acesso em: 22 jul. 2019.

COSTA, Ferreira da. Enciclopédia do esporte paraense. Belém-PA, 2018. 73 p., 105 p.,115p, 230 p., fotografia color.



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4 Comments


augusto.leal13
augusto.leal13
24. jan. 2020

Ficou ótimo, obrigado por nos oferecer esse conhecimento e valorizar através de Remo e Paysandu, o futebol em nosso estado.

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Iago Pontes
Iago Pontes
24. jan. 2020

O maior clássico do país..

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Léo Monteiro
Léo Monteiro
24. jan. 2020

Ps. A história do Remo é bem melhor.

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Léo Monteiro
Léo Monteiro
24. jan. 2020

Parabéns ficou ótima a matéria e bem ilustrada também.

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