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Entrevista com Mesquita:

Foto do escritor: mangueiraodamemoriamangueiraodamemoria

Conheça o jogador que não saiu dos gramados mesmo após pendurar as chuteiras, Mesquita ex-jogador do Clube do Remo.


A imagem mostra um homem negro de média estatura, em pé no gramado.

Foto: Centro de Visitação EOP.


O blog Mangueirão da Memória com o intuito de resgatar e valorizar fatos históricos relacionados ao Estádio Olímpico do Pará Edgar Proença (EOP), popularmente chamado de "Mangueirão" inicia a realização de uma série de entrevistas a desportistas e e pessoas ligadas a crônica esportiva paraense para relatar acontecimentos concernentes ao EOP e alusivos a própria história do esporte no Estado do Pará.

Iniciando esta série, a primeira entrevista se dará com o ex-jogador de futebol Mesquita, 63 anos, que obteve o privilégio de jogar nos 3 reconhecidos clubes de Belém, além de atuar pela Seleção Paraense contra a Seleção do Uruguai na partida inaugural do estádio, sendo o autor dos primeiros gols do Mangueirão, e consolidou-se como ídolo da torcida do Clube do Remo. Ele compartilhou suas histórias e alguns momentos vivenciados no estádio, confira a entrevista:


BLOG: Como foi sua carreira?

MESQUITA: Joguei em vários clubes, comecei na base da Tuna, depois fui profissional pela Tuna em 70, campeão em 70, depois fui pra Portugal, passei 2 anos em Portugal, voltei (ao Estado) pro Remo e passei 9 anos no Remo, fui campeão várias vezes e depois fui pro Paysandu em 82, voltei pro Remo em 85 e encerrei a carreira em 87, sendo campeão nos 3 times.


BLOG: Como foi seu primeiro contato com o Mangueirão?

MESQUITA: Meu primeiro contato com o Mangueirão como jogador profissional foi em 78 quando nós jogamos contra o time do Mato Grosso, Operário do Mato Grosso pelo Campeonato Brasileiro (formato antigo), quando não era inaugurado, com obras em andamento. Em 78 fomos jogar contra o Operário no Baenão, e aí o muro do Baenão caiu, evidentemente que não havia condições de ter jogo, e o Operário queria jogar no Maranhão (São Luís – Estádio Castelão) ou no Amazonas (Manaus – Estádio Vivaldo Lima “Vivaldão”), até que chamaram o então Ministro (da Educação) Jarbas Passarinho que na época era conselheiro do Remo e ele conseguiu que o jogo fosse no Mangueirão, então nós viemos pra cá e jogamos, ganhamos de 2x0 com os gols do Mego, e este jogo foi o não-oficial de inauguração com um público de mais de 60 mil pessoas.


BLOG: Qual é a sua principal lembrança futebolística no Mangueirão?

MESQUITA: Foi um jogo em 79 pelo Remo, e neste jogo o Paysandu estava muito melhor que o Remo, ganhou o jogo de ida e jogava pelo empate, e começou ganhando de 1x0, e o Mangueirão não era assim como está hoje, não tinha Pista (Olímpica), a arquibancada era pela metade, era o famoso “bandolão”, foi um jogo épico em que o Paysandu tinha tudo pra ganhar, mas vencemos de 2x1 de virada, foi um dos melhores jogos que fiz pelo Clube do Remo.


BLOG: O que o Mangueirão representa para você?

MESQUITA: O Mangueirão representa tudo pra mim, por exemplo, eu jamais iria imaginar que eu como jogador de futebol profissional fosse me tornar Engenheiro Agrônomo do estádio. Eu tenho o Mangueirão como uma segunda casa, estou aqui há 24 anos e tenho dado tudo de mim aqui, sempre me reciclando, trazendo técnicas e tecnologias novas para aplicar aqui no Mangueirão, vou a palestras e eventos de modo geral.


BLOG: Tem algum fato extracampo que tenha te marcado?

MESQUITA: Foi a inauguração do Mangueirão como estádio olímpico, a transformação do estádio, do gramado, da pista, nós temos com o Mangueirão uma coisa que é nossa, uma relíquia, pista profissional olímpica, e nele continua dando muitas alegrias para a gente.


BLOG: Algum fato inusitado envolvendo o Mangueirão?

MESQUITA: Tem uma história em 79, por isso que esse ano é a principal lembrança, saímos do Baenão e fomos concentrar na granja do Dr. Manoel Ribeiro lá em Santa Isabel – PA, chegamos lá e ficamos uns 10 dias, só que no dia do jogo, num domingo, saímos de lá e o ônibus deu prego na estrada, na BR-316, umas 2 horas antes do jogo, e o que aconteceu, a torcida que vem de Castanhal – PA, Capanema – PA, esses interiores (do nordeste paraense) quando viram a gente na estrada no ônibus se admiraram porque já deveríamos estar no estádio, e os torcedores (do Clube do Remo) empurraram o ônibus até ele funcionar. Chegamos (no Mangueirão) praticamente na hora do jogo e nem fizemos aquecimento, mas revertemos e viramos o jogo e fomos campeões.


BLOG: Como você lida quando perguntam a você sobre o gramado?

MESQUITA: Nosso clima é intenso, nos períodos que chove mais e o que chove menos, os chamados inverno e verão amazônico, e sobre isso a empresa que fez a drenagem do gramado não tenho do que reclamar, mas talvez tenha pecado algumas vezes sobre o nivelamento, por isso alguns locais ficam com água empoçada, porém o sistema está em perfeitas condições e resolve.


BLOG: Como era a chegada no estádio na época do “Bandola”?

MESQUITA: Era muito diferente, naquela época a rampa do lado A, da (Avenida) Augusto Montenegro que é tradicionalmente utilizada pela torcida do Clube do Remo não existia, ainda estava em construção, e aí as duas torcidas entravam juntas na rampa do lado B, mas vale lembrar que naquela época não havia os problemas que tem hoje, de fanatismo, hoje é impensável uma coisa dessa, mas antes, as duas torcidas vinham lado a lado.


BLOG: Como é a relação do Mesquita ex-jogador com o Mesquita Engenheiro Agrônomo?

MESQUITA: O ex-jogador é mais contido, já o Engenheiro Agrônomo é mais técnico, que repara no pisoteio do gramado. Só quando é Re x Pa ou quando Remo e Paysandu jogam contra times grandes é que vem o ex-jogador e até mesmo o torcedor. Uma vez a num jogo do Remo pela Série C, torcida fez uma bandeira homenageando e incentivando os jogadores, e aí fiquei pensando, se fosse comigo no gramado com os meus colegas, mas logo volta o Engenheiro Agrônomo e se recompõe, e também tem alguns lances de jogo que quando vejo penso que faria de forma diferente, e coisas do tipo.


BLOG: Mesquita, muito obrigado pela entrevista, por compartilhar essas histórias, suas memórias com o blog, certamente muitas pessoas ficarão empolgadas em saber do que você vivenciou.

MESQUITA: Eu que agradeço, qualquer coisa estou à disposição.  


Se você possui fatos e memórias para compartilhar, envie para o email mangueiraodamemoria@gmail.com com o título "Mangueirão da Memória", que poderá vir a ser publicado no blog. 

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© 2017 por Mangueirão da Memória: resgate digital e patrimonial do Estádio Olímpico do Pará Edgar Proença

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